Ao longe, o estádio emana ondas perenes, ora humanas. Ora autómatas. - olhó caxicol campeão a 5 erios. Para trás está o odor à bifana e à cerveja, fazendo lembrar a velha tasca, com o rebordo de chão do balcão de mámore, lambido pela serradura e pelas cascas do tremoço. - Cuidado! a rampa. O eixo vertebral sofre uma inclinação, o volume da voz humana proveniente da sua aglomeração, é único. Aguça os sentidos para o melhor e para o pior: aqui, há que ter cuidado para ter a passada em consonância com os demais transeuntes. - Olha! já estamos na estátua.
-estou a ver! estou a ver!
-Ah!Ahh!, tás a ver, não viste o que agora aqui passou, isso não viste.
- Pois não, mas cheirei, não engana. É melhor que a febra da roulote.
À passagem pelos toniquetes, sucedem-se as escadas, internamo-nos pelo interior da catedral. O eco salpicado pelas paredes, indiciam um corredor estreito; "benfica, Benfica", "já cá estamos, até que enfim" ouve-se num timbre radiofónico provocado pela estrutura quadrangular e hermética, ao longe começa-se a sentir o verdadeiro estádio, o real ambiente onde nos ansiamos embrenhar. No interior, onde nos iternámos: a imagem chega a galope da baforada de ar quente, não engana, que ambiente! já sabia. Está demais, dá para ver.
-que brasa, que calor!
-Quando nos sentar-mos, vou buscar água.
-Bebe-a tu, trás-me mas é uma cerveja.
-Água e é se queres.
-Cala-te, da próxima trago cão. Ficas em casa.
O jogo começa quando nos sentamos, as manifestações com a entrada da equipe, a descida vertiginosa da águia, e os comentários. As observações à nossa volta são como que um daguerreótipo do que estamos a viver, a música dos da weasel, ainda ecoa como um fundo musical de um filme. O jogo em si, quando começa. Desarma os estereótipos comuns e inicia um desenrolar de padrões, que é único e similar a todos. As palmas continuadas após um bruaá, anuncia-nos uma boa jogada longe da baliza. O silêncio, eternizante e ensurcedor, é o golo dos outros. - Como é que foi? diz lá! Os cantares da claque, arribam-nos, conforta-nos. Assim como os assobios aos nossos nos envolvem numa espiral ruidosa e extremamente incomoda, o bruaá crescente, com o timbre elevado ao limite da curva descendente, abruptamente silenciado com uma exclamação! incrédula, é o falhanço, é a bola que não entrou. Enfim! é o aromático aroma a rondar o olfacto sem o podermos saborear. O golo do Benfica, é o êxtase é inexplicável, é repentista, arrepia-nos e funde-nos genuinamente, tal metal precioso à passagem de estados em puro.
Viva o Benfica.
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